"Age is a form of lithium" - Rufus Griscom
(I knew it!)
Era inevitável.
Já não ter idade para uma data de coisas era, pelo simples facto de estar viva, inevitável.
O que seria evitável, apesar dos apesares, é a quantidade de vezes com que me confronto com isso, seja no bom, seja no mau sentido.
Trinta e cinco anos. Recém-desempregada pela segunda vez e feliz por tal. Os projectos iniciados no primeiro desempregamento, cruelmente colocados em stand-by aquando de encontro de emprego que tudo salvaria mas que a muito pouco ajudou, podem agora voltar a respirar. E eu também. Já não tenho idade para ter patrões.
Solteira. Nunca casada, sem filhos. Profundamente crente na premissa que diz que quando menos esperares… Nessa e naquela outra que diz “I’ll know it when I see it”. Até hoje, apenas uns vislumbres ao longe. Nada que o estômago tivesse aprovado por inteiro, logo, nada que valha a pena ver mais de perto (apesar dos vários exercícios de focagem esperançosamente executados para tira-teimas…). Já não tenho idade para contrariar o meu estômago ou para tentar enganar os meus olhos.
Eu não perdoo, diz ela, rindo-se.
És uma vaca rancorosa, respondo-lhe, atirando-lhe com um dedo do meio bem espetado.
Quando mais precisamos, diz-nos que aprenderemos melhor lá mais para a frente.
Quando menos precisamos, diz-nos que já devíamos ter aprendido isso lá atrás.
Talvez seja uma questão de timings, mas já não tenho idade para ligar a tudo o que a Idade me diz (se é que alguma vez tive, fosse ela qual fosse).
Bem-vindos.
É favor deixar as Idades à porta. Não valem de nada mesmo.