Continuava a acreditar que um dia ouviria: E depois entraste tu e tudo mudou.
Imaginava-se a entrar num sítio qualquer e a mudar o mundo de alguém. Tinha sempre muito cuidado quando entrava nos sítios. Não queria que mudasse o mundo de alguém para pior.
Também acreditava que um dia pudesse ouvir: Entrei e lá estavas tu.
Imaginava-se quieta, sossegada, a fazer algo de rotineiro, banal, sem interesse e, de repente, a sentir que algo teria mudado. Uma qualquer faísca no ar, um arrepio na nuca. Algo que assinalasse o momento em que o mundo teria mudado.
Continuava a acreditar que valia a pena acreditar, imaginar, que tudo quanto pudesse atirar ao Universo pudesse ser visto como um desejo e que, se se portasse bem, teria a sua devida recompensa.
E assim iam passando os dias, repletos de crenças, de fés inabaláveis, de uma paciência e tranquilidade nervosa que só os que realmente acreditam sentem.
Continuava a acreditar. Que mais podia fazer?