“The older I grow, the more I distrust the familiar doctrine that age brings wisdom.” - H.L. Mencken

20
Fev 15

Somos todos muito bons, bonzinhos.
Somos "neutros" para a maldade, soberbos para o bem, possuidores de impressionantes capacidades de perceber a diferença entre os dois. Amigos dos nossos amigos (que são sempre os melhores do mundo), justos para com os inimigos (que nunca têm razão nenhuma), amantes fervorosos (sabemos perfeitamente o que andamos a fazer) e humanos completos (partilhamos histórias de atentados contra a humanidade com lágrima no canto do olho, nem pestanejamos em ofender quem mal trata um animal).
Se assim é, se assim somos, tão bons e bonzinhos, de quem falam os outros quando falam mal dos outros?

publicado por Sónia às 10:54

Boa pergunta.

"A esposa demorou vinte minutos a vestir as calças rosa, porque não conseguia que o botão da cintura encontra-se a casa e fecha-se. Sai do quarto desce a escada e encontra o marido na sala a ver Tv.

Planta-se entre o marido e a Tv para perguntar o que ela já sabe:
- Engordei?
O pobre começa a escorrer água porque a experiência diz-lhe que esta pergunta não tem uma resposta correcta."

Episódio corriqueiro do dia-a-dia, mostra que as pessoas precisam da confirmação exterior sobre si mesmas. Mesmo confrontadas com a realidade, têm de confirmar, mas depois não sabem digerir a realidade.

Quando tentam obter respostas sobre si mesmos, já sabem quais as respostas que querem ouvir, tudo o que seja fora desse "texto" é assumido como erro, mesmo que seja realidade.

Com esta incapacidade de lidar com os nossos próprios defeitos, fica muito mais interessante, analisar o dos outros. E este mundo tem tantos "outros" para analisar fora do nossos círculos o que evita confrontos emocionais. Perfeito, não?
Aerdna a 7 de Março de 2015 às 19:52

De lidar com os defeitos admitindo-os e deixando sempre espaço de manobra quando ouvimos os outros, lá está, falar mal dos outros... Que, estatisticamente falando, bem que podem ser nós...
Sónia a 16 de Março de 2015 às 17:07

Exacto. Quando apontamos o dedo a defeito alheio, temos consciência que provavelmente o identificamos, porque também o temos. Mas é mais fácil fazer de conta que não, e lidarmos com o defeito do outro e não com o nosso.

Creio que no fundo existe uma esperança, que ao falar do defeito alheio, o nosso desapareça sem esforço.

É difícil lidar com o “espelho” (sentido figurado). Por isso buscamos imagens longe de nós para escarafunchar, dissecar, explorar,... Dessa forma acreditamos que não nos magoamos e como os outros estão longe do nosso círculo, também não lidaremos com o seu sofrimento.

Eu acho que a explicação para essa mania de falar à vontade e sem filtro do que está fora do nosso círculo é por aqui.

Esta mesma teoria se aplica à política. Vejamos: A quem é mais fácil por a pagar? Aos banqueiros reunidos connosco na mesa de negociação, cujos rostos vemos e argumentos ouvimos? Ou ao contribuinte esse ser sem cara e sem voz?
Aerdna a 17 de Março de 2015 às 08:24

Sim, claro que, muitas vezes, o apontar o dedo tem o seu quê de "vergonha" por o mesmo nos poder ser apontado de volta a nós. É uma espécie de "se eles podem, então..."
Pensar um pouco na velha questão dos telhados de vidro. Ajudaria bastante!
Sónia a 17 de Março de 2015 às 18:40

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