“The older I grow, the more I distrust the familiar doctrine that age brings wisdom.” - H.L. Mencken

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Dez 17

As pessoas atiram-se para cima das passadeiras sem abrandarem o passo. Já estive para puxar um senhor pela camisa, assustando-me com a facilidade com que se atirou do passeio para a estrada sem olhar, sem hesitar, sem pensar sequer.
As pessoas saem dos lugares de estacionamento e atiram-se para a estrada sem mais, nem menos, quanto mais com pisca aberto.
As pessoas mudam de faixa de rodagem, atirando-se para cima dos outros carros sem a mais leve dúvida sobre se teriam opção de tal ou não, sobre se teriam espaço para tal ou não. Tudo feito, claro, sem mais, nem menos, quanto mais com pisca.
No metro, as pessoas atiram-se para a frente de outras para entrarem e saírem primeiro das carruagens. Nos torniquetes, furam a fila, atirando-se para a frente de alguém que se distraia por um segundo que seja.
Nos autocarros, as pessoas atiram-se para dentro dos mesmos sem considerar quem já lá está ou que as portas tenham de fechar para que ande.
Nas passadeiras, as pessoas atiram os seus carros para cima do chão pintado, impedindo a passagem dos peões. Aquele meio metro, aqueles dois metros, devem ser preciosos, devem ser a diferença entre a vida e a morte. Talvez daí o fazerem tanto?

Em Lisboa, é tudo muito atiradiço. Eu, menina pacata de terra onde quem se atira assim arrisca-se a ser mesmo atirado para outro sítio, ainda não consegui deixar de me irritar, zangar e decepcionar com tanto atiradiço e atiradiça a fazerem-se ao piso.
Lisboa, por enquanto, o que mais gosto de ti continua a ser a estrada que me devolve ao sítio e pessoas de onde sou.
Vê lá disso, se fizeres favor.
Agradecida.

publicado por Sónia às 10:59

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