“The older I grow, the more I distrust the familiar doctrine that age brings wisdom.” - H.L. Mencken

18
Dez 17

- Não interessa a que velocidade fazes a Recta do Cabo. Quando chegares à ponte de VFX, os carros que ultrapassaste a 200 à hora vão estar mesmo atrás de ti na mesma.
- Por vezes, aquele sentimento de instinto é mesmo só gases.
- Seja onde for que te cortes e por muito pequeno que seja o corte, vai-te sempre atrapalhar e incomodar como se te tivessem arrancado um braço.
- O sol brilha mais forte quando te esqueces dos óculos em casa/carro/café/etc.
- Pensares que precisas de ter tudo preparado ou pronto para começares algo é caca de boi. Faz o que puderes, com o que tiveres, conforme puderes, quando puderes. Começado é melhor que estratégicamente delineado e planeado com deadlines e KPIs e o raio que os parta a todos.
- Um plano de negócio vale zero. Aliás, menos que zero. Se algum dia te der para o empreendedorismo e potencial investidor/parceiro/etc te pedir um, foge. Será usado contra ti a cada oportunidade que surja e, por mais, não vais conseguir explicar nada do que lá está (a adivinhologia ainda não é ciência).
- Nunca estaciones naquele lugar livre que ninguém aproveita numa zona cheia de trânsito e à pinha de gente. Nunca.
- Sim, só vais reparar que não tens papel higiénico no pior momento possível (sim, vais puxar cuecas para cima até mais ou menos meio caminho para ires em busca de papel/algo semelhante, por muito má cara que faças e por muito de perna aberta que seja o teu andar).
- Só vais descobrir que as tuas botas deixam entrar água se andares com elas à chuva.
- Sim, a peça de fruta no fundo da taça estará podre.
- Não, aquilo não vai descongelar até à hora que precisares.
- Não, não vais dormir até tarde quando o puderes fazer.
- Não, não te vais deitar mais cedo quando o devias fazer.
- Não, a opinião dos outros não vale um chavo.
- Não, a opinião dos outros não vale um chavo (a não ser que seja a tua Mãe e, mesmo assim...)
- Não, a opinião dos outros não vale um chavo (a não ser que seja o teu Pai e, mesmo assim...)
- Não, a opinião dos outros não vale um chavo (a não ser que seja alguém a quem entregarias a alma enquanto fosses de férias ou coisa assim e, mesmo assim...).
- Sim, consegues aprender TUDO no youtube.
- Sim, também tu és um idiota chapado/a de vez em quando.
- Sim, vais acabar por almoçar/jantar cereais muitas mais vezes do que tinhas previsto para a tua vida.
- Não, nunca o vais admitir à tua Mãe.
- A função "reset password" é melhor do que terem inventado nutella.
- Para os gajos - não, se fosses gaja não irias andar sempre a levar no pito.
- Para as gajas - não, se fosses gajo não irias ser mais compreensivo, lavadinho, arrumadinho, amável e doce.
- Se não perguntares, nunca saberás.
- Sim, alguém votou neles.
- Os sinais de aviso de trânsito lento nas auto-estradas não são sinais de aviso - são ordens.
- Sim, mais tarde ou mais cedo, vais ter medo de fazer algo. Faz na mesma, mesmo com medo. Os medos gerem-se e conquistam-se mas não desaparecerem totalmente. Habitua-te.
- As hipóteses de encontrar culpado/culpada por algo ter corrido mal/partido/sido destruído serão inversamente proporcionais à gravidade da merda feita.
- Por falar em merda, sim, vai cheirar mal. Aguenta-te e manda os outros, lá está, à merda, se te chatearem os cornos.
- Por falar em cornos... Sim, vais tê-los. Poderás não saber quando, como ou de que modo mas, sim, vais tê-los. Mais tarde ou mais cedo, terás testa enfeitada. É a vida.
- Tempo, não dinheiro, é o teu bem mais precioso.
- Tempo, não dinheiro, é o teu bem mais precioso.
- Tempo, não dinheiro, é o teu bem mais precioso.
- Tempo, não dinheiro, é o teu bem mais precioso.
- Tempo, não dinheiro, é o teu bem mais precioso.

Pronto. Era isso.

publicado por Sónia às 11:04

É bem possível que a nossa capital seja o sítio mais propício à demonstração de um grave problema que assola Portugal e as suas gentes – a falta de capacidade de compromisso com seja o que for, quando for, onde for.
Ao nível macro, há muitas e fortes evidências deste flagelo. Vejamos:
- Quem votou nos cabrões no Governo (aplicável desde sempre e a todos os governos)?
Resposta: Ninguém (“eu não votei neles!”, “quem votou neles é que devia ser obrigado a fazer o que dizem!”, “eu nem fui votar!”, “eu votei nulo!”, “eu votei no meu primo Vitó!”, etc.)
- Quem entope as urgências dos hospitais e centros de saúde com situações menores?
Resposta: Eles! São eles, os tansos! Apanham uma constipação e tungas, Santa Maria com eles!, etc.
Mais exemplos há sobre a importância (e culpa) de figuras tão importantes como o Ninguém e o Eles, mas, o tempo urge e este post já vai longo (um cadinho, vá).
Passando para o nível micro, temos situações que também indiciam a falta de compromisso que assola este país. Ora...
- Quem comeu as bolachas que deixei em cima da minha mesa?
Resposta: Eu não fui! (o que dá para traduzir por “ninguém”)
- Quem acabou com o papel higiénico e não substituiu?
Resposta: Ninguém! (a malta até só caga em casa e aquele cheiro que por vezes se sente é dos esgotos).
- Quem foi a última pessoa a sair e deixou as luzes acesas?
Resposta: Ninguém (no entanto, se a pergunta fosse feita com apenas a sua primeira parte, haveria muito boa gente a levantar o bracinho pensando que estavam a fazer boa figura).
Mas a situação que mais indicia esta incapacidade para o compromisso é o flagelo do Pisca-que-nunca-o-é.
Eu explico.
Em Lisboa, existe agora uma moda que possui duas fações.
Ambas contestam o apropriado uso dos piscas para assinalar uma qualquer manobra mas uma é totalmente hardcore, purista e pouco disposta a alterar a sua forma de agir, enquanto que a outra é um pouco mais soft, mais adaptável, mais branda, mas igualmente pouco disposta a alterar a sua forma de agir.
A primeira é a que pura e simplesmente não faz pisca.
Quando empreendem uma qualquer manobra, empreendem-na e pronto. Há um espacinho entre aqueles dois carros numa fila que anda a 5 ou a 120 à hora? É para lá que desviam o carro sem dar pêva a ninguém.
Questionados sobre esta atitude, dirão: Eu?! Eu faço sempre pisca! E até parece que não havia espaço! Até parece que a estrada não é de todos! Fascistas, pá! É por essas e por outras que Portugal está onde está! Fascistas!!
A segunda é a que tem o centro de tomada de decisão do cérebro ligado directamente à mão esquerda. Para estes, a decisão de manobrar o veículo para outra faixa/rua/etc possui acção imediata sendo a decisão tomada, o pisca accionado e o veículo manobrado - tudo em simultâneo.
Questionados sobre esta atitude, dirão: Atão mas eu não fiz pisca, querem ver?! Eu faço sempre pisca! E até parece que não havia espaço! Até parece que a estrada não é de todos! Fascistas, pá! É por essas e por outras que Portugal está onde está! Fascistas!!

Se nem com a porra de uma manobra devidamente assinalada nos conseguimos comprometer ou assumir essa responsabilidade perante os outros, como nos vamos comprometer com o resto? Como esperam que o resto seja melhor quando, no caso dos piscas, há malta a morrer e mesmo assim, as duas fações mantêm as suas posições?
USEM A MERDA DO PISCA, PORRA. QUAL É A DIFICULDADE?! QUAL?!
Nenhuma, querem ver?
E são apenas “eles” que não fazem, né?
Ninguém iria colocar os outros assim em perigo, né?
Pois.
É o costume.

publicado por Sónia às 11:04

Dou-vos um exemplo simples disto.
Eu falo inglês (e escrevo, leio e penso em inglês também). Para além de ter aprendido a ler e escrever (no geral) em inglês, mantenho um bom ritmo de manutenção da coisa lendo muitos livros, em inglês, e chamando muitos nomes feios, em inglês, às pessoas que fazem asneiras no trânsito. Inglês é algo tipo tu cá, tu lá para mim.
Anyway...
De vez em quando, colocam-me questões sobre o inglês porque sabem que eu e o inglês é algo tipo tu cá, tu lá. Justíssimo.
Se sei-lá-o-quê se diz assim ou assado, se sei-lá-o-quê-II se escreve assado ou frito, etc. E eu respondo, explicando de forma simples o porquê da minha resposta.
Quase invariavelmente, recebo olhares desconfiados e/ou afirmações tipo "Oh. É nada!", "Mas e se...", "Mas eu não aprendi assim...", "Mas eu achava que...", etc.
Dantes, quando ainda me ralava e não tinha percebido ainda o que está descrito ali na espécie de título deste post, ainda me dava ao trabalho de argumentar, demonstrar, dar mais exemplos - valia quase tudo até que a pessoa ficasse convencida do que estaria a dizer e reconhecesse o erro do seu caminho.
Houve também a fase de puxar pelos galões, depois de todo o resto falhar, e fazer perguntas tipo "Quantos anos viveste na Austrália?", "Qual foi a nota que tiraste no exame Cambridge?", "A quantas pessoas dás aulas?", "E business english, ensinas?", etc. Era, admito, uma espécie de over-kill (vão ao google) que deixava a outra pessoa vencida (mesmo que não convencida) e que me deixava a mim fucking pissed off (conjugação interessante impossível de traduzir para o português).
Foi quando percebi que as pessoas se estavam pouco a cagar (infelizmente, esta não dá para traduzir como deve ser para inglês) para a verdade ou a resposta às suas questões. O que queriam mesmo era que alguém supostamente entendido confirmasse o que elas achavam, pensavam e opinavam.
Daí em diante, a minha vida mudou.
Ao primeiro argumento contrário ao que eu teria dito, passei a responder com um "'Tá bem". Mais nada. Fim de discussão. Next!
(de vez em quando, quando sei que a pessoa não sabe que eu e o inglês é algo tipo tu cá, tu lá, atiro com um "ahh, pois, por acaso é uma das situações que analisamos muito nas minhas aulas..." e deixo a coisa sink in - e não on, já agora).
Há quem desconfie desta minha recusa em seguir para a luta e veja nisso o acto máximo de certeza, de firmeza, desconfiando ainda mais de tanta simpatia pelo adversário. Aceitam, fazem perguntas inteligentes e, de vez em quando, até aprendem algo novo.
Mas há quem se dê por satisfeito com o meu deitar de armas, quase como se me tivessem vencido, a mim, à perita da coisa e, de sorrisinho orgulhoso e com mais meio palmo de altura, ainda acrescentam algo do género "pois, bem me parecia".
'Tá bem, respondo de novo, com sorrisinho tipo crocodilo brincalhão, matando ali mesmo a minha colaboração da cena.
Que bem se está neste mundo de peace (que é diferente de piece ainda que se pronunciem da mesma forma, já agora).

Tirem as vossas próprias ilações deste texto, desta mensagem. Por mim, 'tá bem. 'Tá tudo bem.

publicado por Sónia às 11:03

Falava-se de alguém, alguém, pelos vistos, muito conhecido.
Que se ia muitas vezes a um certa discoteca para o ver. Que era fabuloso.
Depreendi que fosse um DJ.
Quem é o Fulano X?, perguntei eu a colega.
Sorriu e respondeu-me com um "Não sabes quem é Fulano X?! É um dos DJs mais conhecidos de Portugal!".
Eu, impávida e serena (o que é Português correcto para "eu, cagando e andando"), respondi com um "Ahh. Ok. Parabéns para ele".
Continuei na minha vidinha.
Colega vira-se para Super-Fã de "um-dos-DJs-mais-conhecidos-de-Portugal" e diz, rindo-se, "A Sónia não sabe quem é o Fulano X!"
Super-Fã ri-se e pergunta, "Não sabes quem é o Fulano X?! Estiveste fora, foi?!"
E foi aqui, neste preciso momento, que saí do modo "cagando e andando" e entrei em modo "cala-te, respira, e cala-te".
Enquanto se ria em puro gozo, eu calei-me, respirei fundo e calei-me de novo. Depois de cerca de 4 segundos (o que é uma eternidade para responder a pergunta que nos façam), respondi com um "Sim".
Mais risota.

Eu só não respondi como quis por uma razão muito simples: o meu cérebro foi mais rápido e poderoso que as minhas vísceras e, num processo de negociação que durou um cagagésimo de segundo, conseguiu convencê-las a não tomar controlo da minha boca. Principal argumento: Super-Fã não sabe da tua vida, não sabe quem és, não sabe nada de ti, portanto, não podes levar isto como sendo algo pessoal contra ti mas antes veres a questão como sendo uma manifestação qualquer de vaidade (ou maldade) que te soube mal mas que não tens de piorar metendo o teu contexto e história ao barulho.

E continuou:
Vísceras, bem sabemos que esta malta acha que quem não "é de cá" é totó, semi-campónio e totalmente alheio ao que é fixe, cool e trendy (trendy, carai!). Tens duas opções: Ou desatas num monólogo sobre os últimos 7 anos da tua vida com o teu melhor sotaque e expressões Ribatejanas e mais ou menos provas uma certa verdade nessas crenças, ou calas-te e deixas esta malta em paz com as suas inseguranças e certezas tão fáceis de proclamar.

As Vísceras, revoltadas e a pedirem sangue, amansaram. Relutantes, contrariadas, vencidas mas não convencidas, renderam-se ao cérebro e sossegaram.

Calei-me, engolindo as memórias dos últimos 7 anos que, para mim, explicam muito bem o porquê de eu não conhecer um dos DJs mais conhecidos de Portugal, cujas actuações num determinado estabelecimento de diversão nocturna em Lisboa são, dizem, uma loucura.
Calei-me.

O que é que isto tem a ver com estar migrada em Lisboa?
Tudo.
Quem não entender, talvez seja por ser alguém tipo Super-Fã. Talvez. Pelo sim, pelo não, shhhhh.

E, por fim, a quem desejar tomar o caminho da condescendência e dizer algo do tipo "Eh pá, não tomes o todo pela parte", ou "não julgues assim os outros apenas pelo sítio de onde são" ou ainda "estás a ser injusta com toda uma cidade só porque uma das suas pessoas se armou aos cágados", podem recorrer ao silêncio também e, enquanto praticam essa arte, lerem tudo de novo. Mas leiam com olhos de ver. Tudo. Cada linha (é chato, sei). Cada palavra. Se, depois deste pequeno exercício, o que tiverem para dizer vier das vísceras, já sabem: calem-se.

publicado por Sónia às 11:02

Entrei no Metro e reparei em três rapazes sentados juntos. Tinham o quê, uns 18 anos? Um deles, de costas para mim, tinha os pés em cima do banco em frente. Coloquei-me ao lado do banco e aguardei que tirasse os pés para me sentar. Havia muitos lugares vagos na carruagem mas eu entrei em modo kill e nem pensei duas vezes.
Olho para o dono dos pés.
O dono dos pés olha para mim.
Abre muito os olhos e retira os pés do banco.
Sentei-me.
Sorrio com a simpatia de um crocodilo.
"Há dias de azar, né?", digo-lhe.
"Não, não é azar. Posso ir para aqueles lugares e meter os pés em cima dos outros bancos...", responde ele, reconhecendo-me.
Continuei a olhá-lo.
"... Mas não o vou fazer. Já aprendi".
Mantive-me fixa nele com sorriso ligeiramente mais simpático.
Ao lado, os dois amigos tentavam não rir.
Sairam na paragem seguinte.
Parece que o Cabrão de Merda tem azar. E já aprendeu a lição.
Venha o próximo. Um de cada vez. Um de cada vez.

publicado por Sónia às 11:01

Ao cabrão de merda com aí uns quê, 18 anos?, que há bocado esfregava a sola dos seus ténis contra o rebordo do banco do metro à sua frente e que me disse "São oito da manhã e já me está a chatear com isso?!" quando olhei para ele, para os pés dele, e de novo para ele (ao menos é perspicaz), vai à merda. E leva quem te educou contigo. E leva quem assim o permitiu também. E leva todos aqueles que nunca te disseram nada em relação ao cabrão de merda que és porque não se pode dizer nada ao menino. Vão todos para parecerem muitos.
Teres dito que não era eu lá sentada e que quando chegasse alguém tiravas o pé apenas prova o egoísmo e narcisismo, o sentido de impunidade que pensas ter no mundo. Se alguém te disser alguma coisa (o que duvido que façam com frequência), fazes algo. Se não, é continuar porque tu é que sabes, né bebé? Vai à merda.
Quanto ao teres-te calado quando te disse que não sabias onde estavas sentado, que mais alguém já podia ter feito exactamente o mesmo, vai à merda também. E leva de novo todos os outros contigo. E uns pauzinhos.
Quanto às outras pessoas que nada disseram mas viram, podem ir com o cabrão de merda também. À Senhora que, olhando, disse baixinho e falando para mim (e não para ele!!) "pois, deve fazer o mesmo em casa", tome o seu lugar na fila e vá também.
É parvo, sei, ficarmos chateados com estas coisas. É parvo vir para aqui reclamar. Mas sabem porque é que é parvo? Sabem mesmo? Porque há-de haver quem diga "pois... hoje em dia, é tudo assim..." como se tal fosse algo que tivesse caído do céu e ninguém pudesse impedir ou controlar. É por esse motivo que se acha que é parvo - porque não há nada a fazer, tipo cala-te e come.
"Hoje em dia é tudo assim" porque queremos, deixamos e, suspeito, gostamos. Sermos displicentes para com os outros é mais fácil. Ter que ouvir um gaiato de 18 anos a respingar e refilar, armado em durão que não é, não é bom. Dá vontade de lhe partir a boca. É difícil não desatar aos gritos e insultar toda a sua ascendência até à 10ª geração. Custa, pá. E por mais, às 8 da manhã quando uma boa dose de insultos faz ganhar ânimo para o resto do dia.
Tu, cabrão de merda de 18 anos com as solas dos ténis imundas, és a cara cheia de acne que representa o caminho que estamos a levar. Temo que, se ninguém te partir os dentes antes, isto não vá correr muito bem.
Portanto, gente, da próxima vez que tiverem o poder de ao menos tentar manter esta merda no caminho certo, não ignorem, não olhem para o lado, não pensem que nada tem a ver convosco. Tem. E muito. Tanto é ladrão quem rouba como quem fica à espreita. E tanto é porco quem suja como quem nem se rala com isso.
Merda.

publicado por Sónia às 11:00

Dantes, porque era gozada, tentava disfarçar o meu sotaque. Hoje em dia, estou-me pouco nas tintas para isso. 

És de onde?, perguntam quando reparam em algo não bem certo comigo.
E eu, fiel ao princípio que afirma que o verdadeiro Lisboeta não passa para lá de Sacavém sem passaporte, respondo em voz embargada, pesada, sofrida.
Samora Correia..., deixo eu no ar, com olhos semi-cerrados como se a própria menção das palavras me causasse dor.
Quase sempre, quase, a resposta vem em forma de pergunta: Onde?
E eu, também fiel ao princípio que diz que se assumes um personagem, mantém-o até ao fim, respondo: Pois... Se nem sabe onde fica ou ouviu falar, imagine!
Do outro lado, um abanar de cabeça compreensivo, de lamento, de empatia.
Eu já não me ralo em mudar o sotaque. Esta malta de Lisboa pode chamar-me campónia (como faziam) à vontade. Sei que há todo um mundo que nos separa nos 50 kms de estrada que faço todos os dias.

publicado por Sónia às 11:00

As pessoas atiram-se para cima das passadeiras sem abrandarem o passo. Já estive para puxar um senhor pela camisa, assustando-me com a facilidade com que se atirou do passeio para a estrada sem olhar, sem hesitar, sem pensar sequer.
As pessoas saem dos lugares de estacionamento e atiram-se para a estrada sem mais, nem menos, quanto mais com pisca aberto.
As pessoas mudam de faixa de rodagem, atirando-se para cima dos outros carros sem a mais leve dúvida sobre se teriam opção de tal ou não, sobre se teriam espaço para tal ou não. Tudo feito, claro, sem mais, nem menos, quanto mais com pisca.
No metro, as pessoas atiram-se para a frente de outras para entrarem e saírem primeiro das carruagens. Nos torniquetes, furam a fila, atirando-se para a frente de alguém que se distraia por um segundo que seja.
Nos autocarros, as pessoas atiram-se para dentro dos mesmos sem considerar quem já lá está ou que as portas tenham de fechar para que ande.
Nas passadeiras, as pessoas atiram os seus carros para cima do chão pintado, impedindo a passagem dos peões. Aquele meio metro, aqueles dois metros, devem ser preciosos, devem ser a diferença entre a vida e a morte. Talvez daí o fazerem tanto?

Em Lisboa, é tudo muito atiradiço. Eu, menina pacata de terra onde quem se atira assim arrisca-se a ser mesmo atirado para outro sítio, ainda não consegui deixar de me irritar, zangar e decepcionar com tanto atiradiço e atiradiça a fazerem-se ao piso.
Lisboa, por enquanto, o que mais gosto de ti continua a ser a estrada que me devolve ao sítio e pessoas de onde sou.
Vê lá disso, se fizeres favor.
Agradecida.

publicado por Sónia às 10:59

Continuem a libertá-los uma, duas, cinco, nove vezes cada, Srs. Juízes.
Continuem a fingir que não sabem, vocês que os conhecem.
Continuem a encobrir tudo, vocês que ganham com isso.
Continuem a protegê-los, vocês que sabem quem fez o quê.
Continuem a arriscar o futuro do país, vocês que só plantam para colher euros.
Continuem a culpar a falta de meios, vocês que os organizam.
Continuem a culpar a falta de formação, vocês que os treinam.
Continuem a olhar para o lado, vocês que sabem e calam.
Continuem a culpar a falta de dinheiro, vocês que o esbanjam.
Continuem a pensar que não têm nada a ver com isto, vocês que decidem.
E a vós, os que fazem isto acontecer, desejo-vos longa e saudável vida. Tão longa que possam conhecer, em pessoa, todas as vidas que nunca mais foram as mesmas porque vocês tiveram um dia mau ou não souberam controlar um ímpeto nervoso, tão longa que possam tomar conhecimento e ver tudo o que morreu e desapareceu por vossa culpa, tão longa e saudável que chegue o dia em que ninguém mais continue a fazer o que tem feito para que vocês sejam os donos e senhores deste país de cinza.
Continuemos.

publicado por Sónia às 10:58

Aqui ficam mais umas dicas e descobertas sobre isto de ser servente de obras (fui promovida!).

1 - Andar de cócoras - Andarás. Muito. Depois de umas horas, as pernas deixam de adormecer tanto e começas a perceber a perspectiva asiática da posição.

1.1 Deitar no chão - Se dantes a perspectiva de te deitares em cima de chão sujo e/ou ferramentas era algo que te assustava, 15 minutos depois de andares de volta de um rodapé perderás todo e qualquer medo. Não há nada que faças de cócoras que não possas também fazer deitado.

2 - Escadotes e Cadeiras - Soubessem os ginásios dos benefícios para as pernas/glúteos e não gastariam tanto dinheiro em aparelhos todos xpto. Subir e descer do escadote/cadeira apenas depende das coisas de que te esqueceste de levar contigo. Bem feito e até podes passar lá uma manhã inteira.

3 - Pintar tectos - Há 2 formas de o fazer - ou a balançar para a frente e para trás dando pequenas passos ou esticando o corpo para trás, arqueando as costas. Uma treina a função motora chamada de "sei dançar"; a outra, os abdominais. Mais uma vez, soubessem os ginásios disto e abririam empresas de construção civil.

3.1 - Os braços. Descobrirás que, afinal, consegues usar as duas mãos ou braços para diversas actividades. Quando a dor for tão grande na tua mão ou braço dominante, rapidamente perceberás que o outro também serve. Vais-te lembrar muito do Mr. Miyagi.

4 - Nem tudo o que vem de cima é chuva - Não, não é. Por vezes é pingos e salpicos de tinta. Ao pintar os tectos, manter a boca fechada. Os salpicos nos olhos ardem um pouco mas passa. As "sardas" deixadas são bonitas e dão uma certa luminosidade ao rosto.

5 - Óculos - Se os usas, vais perceber que ou ajudam muito (ah porra que me escapou um belo metro quadrado de tecto!) ou empatam muito (ao suar, têm tendência a deslizar pelo nariz abaixo). Fazer de conta que os salpicos são estrelinhas é um bom exercício que ajuda e melhor lidar com a situação.

6 - Carregar cenas - Carregarás muitas. Às tantas, já nem queres saber o que vai dentro da caixa/caixote/saco/etc. Queres é levar aquilo do ponta A para o ponto B sem deixar cair e pronto.

7 - E por falar em caixas/caixotes/sacos - Identificar as caixas com "Escritório - Diversos" ou "Sala" não é boa ideia. Faz um favor ao teu futuro eu e sê mais específico (a não ser que gostes daquela cena de poder ser natal todos os dias e teres agradáveis - ou não - surpresas quando, daqui a dez anos, limpares o sótão das coisas que andaste a guardar durante as obras de renovação/melhoria).

8 - Roupas - Esquece qualquer intenção de não estragar/rasgar/pintar/esfolar/etc. Igualmente aplicável a dedos e calçado.

9 - Tinta Esticada - Esticar a tinta é actividade que se desenvolve na proporção inversa ao aproximar do fim da parede. Ao início, estica-se. Perto do fim, quer-se lá saber disso.

10 - Where's a chave-de-fendas? - A ferramenta de que precisas não estará no sítio onde a deixaste. Nem sequer te lembrarás do sítio onde a deixaste. Se esperares um pouco, nem te lembrarás sequer da ferramenta que precisavas e passarás a alternativa (garfo/faca/colheres várias).

Soubessem os ginásios e empresas de construção civil destas coisas. Soubessem eles e estariam ricos!

publicado por Sónia às 10:55

Tenho andado a ajudar numas pequenas (mas longas) obras de renovação e melhoria de uma casa. Nada de deitar paredes abaixo, apenas coisas básicas e simples como substituir umas coisas, pintar cenas, silicone aqui e ali, etc.
Aqui ficam os meus conselhos e aprendizagens para quem algum dia possa estar na mesma situação.

1 - A Lei de Murphy existe, é real, e não tem pena nenhuma de nada nem ninguém.

2 - A pessoa que mais medo tiver de alturas será a que invariavelmente terá de fazer trabalhos em altura e subir ao telhado.

3 - Não, a tinta não tapa tudo. Mas pode-se tentar. E tentar. E tentar.

4 - Os pingos de tinta cairão no chão no preciso sítio onde vão colocar o pé após descer do escadote/cadeira.

5 - A água descobre sítios por onde fluir que apenas descobrirás depois de colocadas borrachas, peças e silicone em quantidades abundantes.

6 - Na dúvida, sim, é lixo. Deita fora.

7 - Passarás mais tempo a ver álbuns de fotos esquecidos em fundos de armário do que a raspar os pingos de tinta do chão.

8 - Não há produto de limpeza que chegue aos calcanhares de uma lâmina.

9 - Aquele bocadinho de tinta que está a lascar ao canto da sala - não toques nele. Aconteça o que acontecer, não toques nele. Pinta por cima se tiver de ser mas não arranques. A parede virá atrás.

10 - Os produtos tóxicos serão usados nos espaços mais fechados e antes de alguém se lembrar de comprar máscaras.

11 - Colocar lençóis para não sujar o chão com lixo - hahahahahaahahahahahaahahah!

12 - Não terás broca de tamanho ou para o material que desejas furar. Assegura-te que tens um vizinho porreiro.

13 - Arrastar móveis que não são mexidos há mais de dez anos fará com que se desintegrem. Comprar quantidades absurdas de cola para madeira antes de se tentar tal coisa.

14 - Qualquer peça de madeira ou outra coisa qualquer que levar cola ficará invariavelmente colada ao chão/pano/bancada/chave de fendas/parafuso/etc.

15 - Qualquer estimativa de duração dos trabalhos será cruelmente subplantada em quinze dias (no mínimo).

16 - Farás dez vezes mais visitas a lojas de peças e materiais do que as que pensas fazer.

17 - Dar primário é chato mas funciona.

18 - Os parafusos podem ser martelados e usados como pregos.

19 - Sim, os vizinhos vão ver o que andaste a meter no lixo.

20 - Andar de mãos, braços e unhas cheias de tinta/silicone é obrigatório. Não adianta esfregar. O tempo tratará do assunto.

21 - A água será cortada para reparar uma torneira no preciso momento em que entornas algo num sítio onde não devias.

22 - Qualquer centímetro quadrado de parede que tenha escapado a segunda camada de tinta luzirá que nem holofote, obrigando todos a apontar a terrível falha e deitando por terra horas de trabalho.

23 - Só depois de tudo limpo verás os estragos que as obras de melhoria causaram.

24 - A lixa não lixa tão bem como defendem. Escovas de aço são boa alternativa.

25 - As refeições serão compostas por frangos assados de várias fontes. Se gostas de frango assado, não participes em obras de renovação/melhoria.

De momento, é só. De momento.

publicado por Sónia às 10:52

1 - Milhares de Portugueses rotulam a CIG de sexista e o Governo de Salazarista. Ricardo Araújo Pereira fará intervenção para esclarecer todos sobre o que realmente está em causa e/ou a ser discutido.

2 - Programa "The Walking Dead" com produção em Portugal, aproveitando as rentrés dos partidos políticos após a Silly Season.

3 - Madonna muda-se para Lisboa e Portugueses enviam lista de exigências à vedeta internacional, de entre as quais se destacam a criação de um moderno pólo para start-ups com seed money investment, um jardim totalmente dedicado a espécies de flora em extinção ou já extintas, obras para levar a Costa da Caparica para a margem norte do Tejo e construção de academias de futebol para todos os clubes da primeira liga de modo a não haver discriminação e preferências clubísticas. Candidatos à CML apoiam as causas e afirmam que se a Madonna não colaborar, não lhe vão fazer obras para tapar os buracos nas ruas por onde passa ou poderá vir a passar.

4 - TAP anuncia que o programa Victória vai ser terminado e iniciada parceria com a NOS. Agora, bastará mostrar cartão de cliente NOS para fazer check-in, substituindo este cartão os boarding passes também.

5 - Governo dos EUA pede ajuda ao de Portugal sobre como desmentir, abafar e confundir a população sobre o mau funcionamento de sistemas de alerta para catástrofes naturais e/ou provocadas por acção humana. Governo de Portugal vê tal pedido como forte indicador de aproximação dos dois países e envia Marcelo para iniciar o projecto com o seu workshop "Um abraço por dia, não sabe o bem que lhe faria".

E pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:50

1 - Em comunicado apaixonado, PT desmente rumores de que o SIRESP terá morrido. 

"Prova de que não morreu é a forma robusta e confiável com que continua a falhar. Os mortos não falham. A comunicação social está cheia de fake news!".

2 - Governo contesta teoria de os "mortos não falharem" atirando com o exemplo geral do PSD.

3 - Partidos políticos em Portugal finalmente correspondem à nomenclatura - partidos.
"Estamos a walk the talk", informam líderes.

4 - Meninas e mulheres Portuguesas arregaçam as saias e mandam enorme "toma" a tudo quanto as discrimine, menospreze ou deite abaixo. Leia mais sobre este tão aguardado acto de coragem na mais recente edição da Imprensa Falsa.

E pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:50

1 - Discriminação de género patente em livros de actividades para crianças da Porto Editora investigada pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).
(Todos os restantes títulos que possam ver por aí são caca de boi e merecem foco especial por parte da página Os truques da imprensa portuguesa, em especial este, do Público - "Livros de exercícios diferentes para meninos e meninas. Serão elas mais limitadas?")

2 - Pela primeira vez em Portugal, uma pessoa com carreira política, e membro do actual governo, assume a sua homossexualidade. Foi preciso esperar até 2017 para que tal acontecesse, atirando Portugal para a cauda da besta da discriminação em função da orientação sexual.

3 - Portugueses indiferentes aos fogos que ainda lavram no país mas admitem estar fartos do cheiro a queimado pois estraga a roupa que têm estendida. À semelhança das reacções à revelação feita por Graça Fonseca, todos afirmam já não ser nada com eles, que não querem saber quem anda a queimar quem e o que fazem com os paus queimados depois. Portugal garante assim mais um metro quadrado de espaço na cauda da tal besta.

4 - Besta emite comunicado e pede que Portugal resfrie os ânimos pois está a ficar sem espaço na cauda para os outros países. Portugal, saudosista do seu passado conquistador, recusa resfriar-se e afirma que fará tudo por tudo para conseguir ter a cauda toda apenas e só para si. Reunião de emergência marcada com a Porto Editora para desenvolvimento de plano pedagógico que comece a torcer os pepinos desde pequeninos.

5 - Assuntos do últimos dias fazem aumentar a tensão nas redes sociais, tendo já havido centenas de amizades destruídas devido a factores como a hipocrisia e a ignorância. Afinal, a expressão "sair de armário" tem mais do que apenas um significado e os Portugueses têm descoberto o que queriam e não queriam sobre os seus amigos, familiares e conhecidos. Aguentem-se, declara a CIG com ar exasperado e farto de saber o que os outros só agora parecem ter descoberto.

E pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:49

 

1 - BE e PAN querem criar "Parques de Fogo" para incendiários e potenciais incendiários irem dar aso aos seus desejos sem prejudicar o país. Serão fornecidos isqueiros, fósforos e acendalhas (para os menos experientes), e um cartão de membro a quem desejar participar na iniciativa mediante inscrição nas Juntas de Freguesia. Compostos por amontoados de mobílias velhas e fardos de palha, os parques seriam construídos em zonas remotas e de difícil acesso. CARRIS estuda plano de transporte. UBER já aderiu e aprova medida.

2 - Câmaras Municipais avaliam hipótese de colocar botijas de gás nos pilares e bloqueios a colocar perto das ruas mais movimentadas das suas localidades. Argumentam que assim não apenas evitariam o atropelamento de dezenas de pessoas como também arrebentavam logo com os terroristas de uma só vez. Lojistas protestam mas também não apresentam alternativas.

3 - Mulheres Portuguesas começam a perceber até que ponto sempre foram discriminadas nos locais de trabalho e na sociedade em geral. Afirmam que assim que saírem da cozinha, arranjarem ama e acabarem de limpar o pó, vão organizar manif a favor de uma participação mais justa e activa na vida societal em Portugal.

4 - SIRESP - Vale a pena manter sistema quando já ardeu quase tudo quanto havia para arder? Fomos investigar.

5 - Terroristas emitem comunicado a informar que, em princípio, não virão para Portugal. Seria chover no molhado, afirmam os responsáveis. Governo retalia e manda investigar se realmente anda a chover e ninguém o informou.

E pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:45

Agosto de 2017 oficialmente nomeado o mês em que se perdeu a fé na Humanidade e nos seus Deuses.

Desenvolvimento:

Fogos, secas, queda de símbolos religiosos, tremores de terra, férias no Algarve, ameaças de guerra nuclear, ressurgimento violento da extrema direita, atentados mortíferos emntodo o mundo e, como se tal não bastasse, eleições autarquicas em Portugal e proibição absoluta de fogo de artifício nas festas populares até ordens em contrário. Factores que, em conjunto, fizeram perder toda a fé que ainda se podia ter na Humanidade e, por arrasto, nos seus Deuses.
Portugueses aguardam chegada de Setembro com ansiedade, afirmando que presença assídua em festas sunset já não ajuda tanto como dantes.

Pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:44

 

1 - Afinal, os Deuses em Portugal estão vivos e bem atentos. Após tentativas de nos chamar a atenção com queda de andores e árvores, decidem fazer tremer a terra e emitem o seguinte aviso: "Ou vocês se organizam, ou damos cabo disto tudo". Governo investiga.

2 - SIRESP altera modus operandi e coloca-se em modo "Vibrar".

3 - Trump retira maior parte do que disse em relação a mandar bombas para a Coreia do Norte depois de descobrir que conseguiu quase dar início a uma guerra civil no seu próprio país. Questionado sobre esta hipótese, afirma que, a ser, será "enorme, gigantesca, a melhor de sempre".

4 - Turistas estrangeiros em Portugal agradecem a simpatia Portuguesa por ainda não se ter incendiado as serras do Algarve. "Such wonderful people", afirmam. Algarvios olham de lado para as serras...

5 - A comédia em Portugal toma rumo incerto, deixando de haver a tal linha que separa o humor do resto. Em declarações na sua conta do Twitter, a Plataforma Associativa Livre para o Humor de Achincalhar Çem Opressão (P.A.L.H.A.Ç.O) exige audiência com o Governo para se criar legislação que volte a colocar a tal linha algures onde seja visível.

E pronto. Seria algo assim.

publicado por Sónia às 10:44

 

1 - O mundo está sobre ameaça de guerra nuclear porque um líder mundial não tem a protecção parental activada nos seus dispositivos de comunicação electrónicos.

2 - SIRESP emite comunicado arrasador a acusar Portugal de ser inapto com as novas tecnologias. "Não somos nós, os meios tecnológicos, são vocês. Os Portugueses simplesmente não compreendem sistemas complexos como eu e o VAR. Depois dizem que não funcionamos!". Ameaçam com greve de silêncio.

3 - Menino sensível e reprimido de empresa de tecnologia Norte Americana junta-se ao coro e vai ainda mais longe afirmando que as mulheres são biologicamente inaptas para certos trabalhos na área das tecnologias e programação. SIRESP e VAR ficam confusos pois sempre lidaram apenas com homens, salvo raras e ainda mais confusas excepções.

4 - Números do desemprego em total caos. PM tenta sossegar e acalmar os Portugueses relembrando que ninguém faz nada mesmo e que Portugal tem, de qualquer das formas, dos índices de produtividade mais baixos da Europa.

E pronto. Seria algo assim.
Bom fim-de-semana.

publicado por Sónia às 10:43

 

1 - Realizador de jogo de futebol que permitiu emissão de imagem de seios (vestidos) de adepta Benfiquista luta contra acusações de assédio e sexismo perguntando "Quando os espanhóis fazem grandes e pequenos planos dos enchumaços dos toureiros, ninguém diz nada, né?!"

2 - Benfica reagiu à polémica afirmando que as adeptas do Benfica têm as melhores mamas do mundo.

3 - Rivais reagem ao Mamagate reduzindo tamanhos das t-shirts oficiais para mulheres e emitindo comunicados que vociferam: "Mamas? Mamas é aqui, oh Benfica!"

4 - Sporting Clube de Portugal lidera isolado o campeonato Português. Será mama de pouca dura?

5 - Benfica cria novo produto de merchandising direccionado às mulheres - um soutien vermelho, com protecção extra como o das luvas dos guarda-redes, sistema de ventilação e aviso sonoro que avisa quando está a ser filmado, mesmo que esteja tapado por camadas de roupa grossa.

6 - PSG oferece 550 milhões de euros para contratar realizador da Mama. Neymar queixa-se de discriminação e promete marcar todos os golos com o peito.

E pronto. Seria assim.

publicado por Sónia às 10:42

1 - Recente vaga de catástrofes em Portugal faz disparar número de peritos, especialistas e técnicos em 3 áreas: fogos, aterragens e preços do bitoque. INE estuda o caso e pede ajuda à PwC para contabilização de resultados.

2 - SIRESP continua vivo mas com problemas respiratórios devido à inalação excessiva de fumo. Pede transferência para praias do Algarve onde o ar é mais limpinho. SNS avalia caso e pede conselhos a peritos.

3 - INE emite comunicado dirigido ao SNS a avisar que já chega de peritos. PwC assobia para o lado.

4 - Partidos da oposição dizem estar fartos de o destino de Portugal ser mais trágico do que o que eles próprios conseguiriam imaginar e pedem intervenção do Governo para que os deixem trabalhar.

5 - Agências de rating analisam caso Português para eventual actualização do rating do país - de Lixo recomendavam passagem para "Hahahahaha!" com hipótese de "Facepalm" mas especialistas avisam que tal seria injusto. "Menino da Lágrima" é recomendação mais ajustada.

6 - INE emite novo comunicado a afirmar que número de pessoas que não sabe nadar não aumentou e que apenas assim parece porque agora andam a atirar-se muito ao mar. IPMA emite comunicado dizendo que não tem nada a ver com isso. INE responde dizendo, e citamos: Claro que não têm. Vocês nunca acertam nas previsões mesmo. Podem sempre vir cá aprender alguma coisinha connosco. - fim de citação.
IPMA promete raios e corriscos para Portugal, apenas não diz onde ou quando. Governo cria comissão de inquérito para averiguar condições de colaboração entre os dois institutos.

E pronto. Seria assim.

publicado por Sónia às 10:39

1 - Marcelo desloca-se às redacções dos principais jornais de Portugal para dar abraços aos jornalistas que se sentem mal tratados pelo povo. Mas, como é um Presidente justo, manda a boca referente à mulher de César e pisca o olho com força.

2 - Responsáveis pelo SIRESP descobrem verdadeira razão de intermitências no seu funcionamento: estava em modo silencioso, sem opção de vibrar.

3 - Mulher que ateou fogo de Domingo passado e que se alastrou para Mação por raiva a quem a acusava de atear fogos confessa ter ateado mais fogos no passado*

4 - Início do campeonato ao virar da esquina - principais equipas candidatas ao título exigem auditorias para averiguar se as bolas são realmente redondas.

5 - Número de desempregados em Portugal num perfeito caos porque IEFP afirma que há diferença entre emprego e trabalho. Associações patronais afirmam não haver mal-empregados em Portugal. Povo discorda e pede abraços ao Marcelo.

E pronto. Aí têm.

*esta é verdadeira (a acreditar em artigo do Público, claro).

publicado por Sónia às 10:38

1 - Turistas estrangeiros queixam-se da quantidade de turistas Portugueses em Portugal afirmando que assim deixa de ter piada vir cá. Oferecem programas de troca de casa para os deixarmos em paz. Portugueses recusam e reclamam ainda mais com os preços e tratamento que levam dos operadores turísticos. Estrangeiros levantam os braços e gritam "See? We give up! Idiots!"

2 - TAP reage a reclamação inflamada de passageiro que diz ser uma vergonha (etc) que só tenha recebido um palmier num voo (atrasado) entre Madrid e Lisboa sugerindo que passageiro pode ser sempre levar marmita. Defende-se mais ainda dizendo que aquilo não são atrasos mas sim "períodos de espera para ganhar fome se não nem a porra do palmier estes idiotas comem".

3 - Sardinhas da costa Portuguesa afirmam que sugestão de proibição de pesca durante 15 anos é manha para as levar a emigrar para Espanha. Reclamam que nuestros hermanos nem as sabem assar ou enlatar, o que as despromove de ser adorado e amado para algo tipo comida de gato. Governo Espanhol já avisou que não quer os restos de Portugal e que se quiserem sardinha Portuguesa, que a vêm cá pescar como sempre fizeram.

4 - Eucaliptos queimados e feridos pelos fogos sugerem que podem ser eles os alvos da proibição de "pesca" durante 15 anos e que ida para Espanha não está fora de questão. Pedem apoio do Governo para criação de rota segura.

5 - Comentador faz mais comentários fazendo com que mais não-comentadores também os façam. "Comenta-se tudo!", reclama reformada que diz ter começado a guardar os seu dinheiro em saco colado ao corpo. Diz não recear os alvos dos comentários do comentador mas sim o comentador em si. "Já viu aquele bronze? Aqueles fatinhos? Aquele sotaque afectado? Aquilo custa dinheiro!", afirma. Comentador comenta que comentários de burros não chegam ao céu. Associação de Criação de Burros de Raça Pura responde com crítica inflamada: Burro és tu, oh burro!

E pronto. Aí têm.

publicado por Sónia às 10:37

 

1 - Em entrevista tocante, SIRESP admite falhas mas pede perdão porque errar é humano. Queixa-se da falta de apoio psicológico e ameaça emigrar caso não haja mais compreensão por parte de tudo e todos no geral. De isqueiro na mão, chorou com o nosso jornalista em entrevista que não pode perder.

2 - Classe médica recusa ser comparada a Tancos. Afirma que não é por uma granada não arrebentar que todo o arsenal esteja fora de prazo. Ameaça voltar aos tempos das sanguessugas e azeite fervido nos ouvidos. Generais tomam ofensa e afirmam voltar ao tempo das flechas e azeite fervido para deter os bandidos. Avista-se parceria?
Produtores de azeite dizem que só acreditam depois de colocada a primeira encomenda.

3 - Comunidade cigana, numa impressionante revira-volta maquiavélica, permanece calada e não comenta comentários de comentador. Afirma que o sujeito não precisa de ajuda para cagar os pés até ao pescoço e que não vão ser eles a colocar a bola em jogo para esse campeonato.

4 - Entrevista a eucaliptos e pinheiros queimados em fogo de há um mês revela que não houve fogo nenhum e que eles simplesmente não usaram creme protector. Lamentam insensatez e emitem comunicado a avisar contra os malefícios do sol em excesso para a pele. Usem protector para não ficarem como nós!, avisam os entrevistados. Leia tudo nas páginas centrais.

5 - Em comunicado emocionado, responsáveis pelo Reino d'All Garve temem o pior para o mês de Agosto e pedem que governo transfira sede do mesmo para Lagoa. Pântano por pântano, ao menos há o Slide & Splash para se ir tomando banhocas, afirmam. Comissão de inquérito já foi criada para averigiar veracidade das afirmações e pede toalhas de praia extra para desenvolver investigação no terreno.

E pronto. Aí têm.

publicado por Sónia às 10:37


1.
Os truques da imprensa portuguesa - "denunciados" os autores, de resto já conhecidos e identificados, por director-adjunto do Público em post no Facebook porque é assim que se faz jornalismo a sério neste país.
Não perca na próxima edição: Panamá Papers - quem foi que os levou para a casa-de-banho e os usou para limpar o cu? Investigadores no terreno descobrem tudo!

2.
Secretários de Estado demitem-se por arrependimento de terem feito algo que sabiam ser errado mas que apenas agora, depois de outros os exporem e perguntarem "Tão, pá?", admitem poder não ter sido boa ideia. Os nossos jornalistas-investigadores vão mais longe e perguntam: Se uma árvore cair no meio da floresta e ninguém ver, cheirar ou desconfiar sequer, será que fez barulho?
Não percam também entrevista a responsável da Galp que diz apenas ter atestado os carros dos Secretários de Estado para viagens até França e que isso é um trabalho tão nobre e digno como qualquer outro.

3.
Entrevistas a eucaliptos sobreviventes do incêndio em Pedrógão Grande revelam que estes ainda não foram contactados pela PJ e que têm dados relevantes para ajudar a decifrar o mistério do fogo. Acusam GNR e Protecção Civil de não oferecerem protecção contra novos ataques de relâmpagos/incendiários/beatas/isqueiros ou fogões a gás usados para campismo selvagem.

4.
Investigadores forenses descobrem que, se a Ministra da Administração Interna se demitir, tudo fica resolvido com os incêndios, mortes e trapalhadas gerais que ocorreram na zona Centro desde início do ano. Se receberem mais fundos de apoio, desconfiam conseguir provar que tudo ficaria resolvido desde inícios de 2016.

5.
Tancos - Chefias militares propõem mudar o nome da base militar para "Tanques" de modo a dissuadir novos roubos de equipamentos que, de resto, ainda falta saber se de facto estavam próprios para consumo. Recordam que Estado Português e as Forças Armadas podem ser processadas por posse de material defeituoso caso sejam usados e não cumpram os objectivos.

6.
Equipa de investigação no terreno destacada há já um par de anos descobre que são os golos marcados e/ou sofridos que influenciam directamente os resultados dos jogos de futebol e não necessariamente o restante chinfrim que acontece fora de campo. Jogadores apoiam e contestam ao mesmo tempo. Dirigentes não comentam mas prometem investigar para averiguar veracidade das afirmações.

7.
Equipa de jornalistas estagiários junta-se em vigília com velinhas coloridas depois de descobrirem que sector não existe ou está prestes a não existir ou nunca existiu sequer. Não sabem. São estagiários. Não têm que saber, apenas produzir. Estão confusos e com fome e ninguém os ajuda!

Pronto. I fixed it.

publicado por Sónia às 10:35

Sintam-se livres para também partilhar este pequeno texto com quem acharem melhor poder usá-lo. É só fazerem copy/paste e publicarem.

"Caro Candidato/Candidata ao emprego/trabalho que anunciámos pelo mundo fora,
Agradecemos ter tirado do seu tempo para nos fazer o favor de responder ao nosso anúncio de emprego/trabalho.

No entanto, e porque somos simpáticos, avisamos desde já do seguinte:
- Se não tiverem idade para estágio do IEFP, tirem o cavalinho da chuva. Só se vai molhar e constipar.
- Se tiverem mais de 35 anos, é mais do que óbvio que não vos vamos contratar. Têm demasiados maus hábitos como quererem um ordenado ou um horário digno. Têm opiniões devidamente fundamentadas em anos e anos de trabalho e sabemos que não aceitam a nossa caca de boi relativa aos benefícios de esforço, da dedicação, da superação e de serem tudo aquilo que nunca foram nem imaginaram ser. Sim, sabemos que convosco será muito mais difícil pagar os tais amendoins porque vocês há muito que evoluíram do estado de macaco e agora possuem a estúpida capacidade de dizer "não". "Não" não é opção para nós e achamos que deviam reconsiderar essa postura pois nem para caixa de hipermercado vos vão querer. Pensem nisso!
- Se forem gaja e tiverem filhos pequenos, esqueçam.
- Se forem gaja e ainda não têm filhos pequenos, achamos que talvez os queiram ter, portanto, esqueçam.
- Se forem Pai/Mãe solteiros/separados/divorciados, esqueçam. Bem sabemos que isso de ter filhos partilhados dá mais trabalho e ocupa mais tempo.
- Se têm qualificações, formação, habilitações e experiência que correspondem ao que pedimos, esqueçam. Isso é fasquia que colocamos porque sabemos que há sempre os totós com menos que respondem na mesma. E não, vocês não têm qualificações a mais. Nós é que não vos queremos pagar! HAHAHAHAH!

Agora, desamparem a loja que temos muito mais que fazer e ler cvs recheados de bem estruturados dá-nos dor de cabeça.

Fiquem bem e nunca parem de acreditar nos vossos sonhos! Quem sabe se um dia destes não teremos oportunidade de vos explorar até ao tutano enquanto vocês sorriem, esquecem a cara dos vossos filhos (ou perdem a ideia de os ter sequer) e pedem mais uma receita de antidepressivos ao vosso médico/médica de família? Sabem perfeitamente que é assim, que será assim, caso venha a ser, claro.
Obrigadinha e tudo de bom! Felicitações, cumprimentos e beijinhos, etc!

Director/Directora/Responsável/Manager/Leader/Chief Whatever.

publicado por Sónia às 10:18

Há uns tempos, perguntaram-me se a minha Mãe tinha uma frase, se havia algo que ela dissesse e que se soubesse que só ela diria aquilo. Algo tipo "catch phrase". Algo que fosse só dela.
Havia.
"Come que tu gostas". É dela. É ela. Foi logo do que me lembrei. É a minha Mãe chapada. Come que tu gostas.

Há outra Mãe na minha vida que, durante anos e anos, criou a sua própria frase, a sua própria marca nas conversas, o seu próprio carimbo que nos dizia, no imediato, que era ela que ali falava.
"Vamos embora". Assim. Puro e duro. Seco e directo. Estava sempre a querer ir embora. Tinha coisas para fazer, sítios para ir, um sem fim de algos a tratar. Vamos embora, vá. Vamos embora.

Foi hoje embora pela última vez.
Anos e anos a insistir em ir e o destino lá lhe fez a vontade, a derradeira e suprema cedência à sua vontade. Vamos embora? Vamos.

Esta Mãe, que o é ao meu Pai, é também minha Avó. Há uns anos, quando a soubemos em início de doença, o que eu primeiro disse foi que a Mãe do meu Pai estava doente. A Mãe do meu Pai. Antes de ser minha Avó, antes de mim, estava ele, o seu único filho. Ele e ela naquela relação que ninguém pode perturbar. Que ninguém altera, muda ou desfigura.

A minha Avó foi embora e isso doi. Muito.
A Mãe do meu Pai foi embora. E isso é infinitamente mais doloroso.

Vamos embora, 'Vó?
Vamos.

publicado por Sónia às 10:15

A recente polémica em torno dos livros de exercícios da Porto Editora parece ter ficado resolvida com a opinião e intervenção do Ricardo Araújo Pereira.
Finalmente alguém lúcido (e com piada) que soube ver a questão com olhos de ver. Adquiriu os livros, analisou-os, pensou no assunto e depois falou. E se falou. Desde as autoras até à intervenção da CIG, o caso foi analisado por diversos ângulos e a conclusão, limpinha, foi a de que os dois livros possuem dificuldades iguais, exercícios iguais e discriminações e estereótipos de género iguais, para os dois lados.
Tudo muito certo.
Só que não.
Em primeiro lugar, os livros para rapazes têm 6 exercícios de dificuldade elevada contra 3 no das meninas (pesquisem).
Em segundo lugar, dizer que não há direito a reclamar contra discriminação ou estereótipos do género feminino porque o masculino também foi alvo do mesmo tipo de discriminação é a saída fácil e inócua que nivela tudo para o fundo do mesmo poço. É o "mas eles também fizeram!" que ouvimos nos pátios das escolas quando alguma criança faz merda. A desculpa suprema é haver mais quem faça, é a coisa ir nos dois sentidos, é ela existir para todos. Invocando-se isso, tudo fica perdoado.
Não. Não. Não. Não. Não.
Isso não vale. Seja para um lado, seja para o outro.

A conversa que tem havido nos últimos dias tem levado caminhos algo profanos. Que, com esta polémica toda, querem é que as meninas façam e sejam coisas de meninos e vice-versa. Que há diferenças e que essas diferenças têm de ser reconhecidas e delineadas! (não vá a malta confundir um martelo com uma varinha mágica e estragar a obra).
Não é, nem nunca foi, essa a questão. Nem pode ser.
O que se defende, para quem o defende, é que as meninas não têm de ser descritas com rótulos que as descrevem como sendo mais estudiosas e os meninos como mais brincalhões (por exemplo). As meninas não têm de aparecer em vestidos de princesa e os meninos com roupas de pirata. As meninas não têm de ser rotuladas de mais espertas e eruditas e os meninos como mais activos. Está errado para os dois lados. Ponto.
Hoje vi alguém a reclamar de uma estatística que indicava uma percentagem maior de mulheres a concluírem o ensino superior e a proclamar que tal é discriminatório para os homens, que tal devia ser investigado para se saber de onde vem tamanho falhanço na educação universitária dos nosso jovens.
Talvez seja por aí. Enquanto que as princesas andam a ler livros e a fazer contas, os piratas andam a brincar com animais, na rua a esfolar joelhos ou a correr de um lado para o outro. Ou não pensaram nisso assim? Estudassem!
Se querem defender que afinal não há mal nenhum porque ambos são iguais e sofrem do mesmo mal, saibam que estão errados nessa premissa, nesse justificativo, nessa forma de desculpar o mau por não ser péssimo. Estão errados. Façam o que entenderem com essa informação, mas estão errados.
Existe discriminação de género em tudo, em todo o lado, para todos - masculino e feminino. Se é o feminino quem mais reclama? É. Tem mais experiência do fundo do poço. Já lhe conhece os sapos todos (mesmo que ainda haja muito quem acredite que com um beijinho virem Príncipes).
É contra isso que se deve barafustar. É contra haver mais mulheres a terminar os estudos porque os homens são educados a fazer, não a ser e pensar, por exemplo. É contra oferecerem-se livros e bonecas às crianças meninas e tractores e figuras de acção aos meninos.
É barafustar contra o sexismo que existe no mercado de trabalho que dita que os homens têm de receber mais (e em média de 30%) do que as mulheres que têm o mesmo trabalho que eles porque, afinal, eles é que são o sustento da casa.
É barafustar contra o facto de a maior parte dos tribunais de família atribuir custódia de uma criança à Mãe, mesmo que o Pai tenha mais e melhores condições que ela.
É mandar à merda tudo quanto deite abaixo, tudo quanto aniquile, tudo quanto destrua as perspectivas de uma pessoa apenas e só com base no seu género (ou raça, ou orientação sexual, ou religião... mas isso seria outro post). É recusar tudo quanto impeça uma pessoa de ser, ter e fazer aquilo que deseja e que tanto o processo como os resultados sejam justos entre si.
Portanto, Ricardo, tudo muito certo, tudo com muita piada, hahahaha, etc.
Só que não.
Estudasses.

publicado por Sónia às 09:59

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