“The older I grow, the more I distrust the familiar doctrine that age brings wisdom.” - H.L. Mencken

09
Set 15

Fazes a rotunda em terceira. Lá mais à frente, camião ganha velocidade numa curva larga que termina numa longa recta.

Esgotas a terceira e, com suavidade, passas para quarta.
Ajeitas-te no banco. Sentes as protecções laterais contra as costelas. Empurras-te para cima ligeiramente e sentes o banco como que a engolir-te. Colocas o cotovelo em cima do guarda-copos entre os bancos da frente e abres a mão, encontrando o manípulo das mudanças. Esticas os dedos e, sozinhos, encontram a posição natural em cima daquele pequeno pedaço de metal cheio de números.

A mão esquerda, obediente, coloca-se na sua posição preferida no volante, agarrando-o com firmeza.

Estás a meio da curva, bem atrás do camião.

Pelo lado direito, consegues ver se vem alguém na recta.

Vem.

Esperas.

Passam um camião e um carro por ti.

No sistema de som, Snow Patrol a níveis de concerto.

Fechas o vidro que estava ligeiramente aberto.

Sais da curva, um quilómetro de recta à tua frente. E um camião.

Vais em quarta, rotações nas 2750, a cerca de 100 à hora. Sabes que o turbo entra ali às 3100. Sabes tudo o que vai acontecer, o que fazer, como fazer, quando fazer.

Deixas o pé pressionar o acelerador. Um segundo depois, 110 quilómetros à hora.

Aproximas-te do camião. Desvias-te para a faixa do lado bem antes.

Inspiras.

Dois segundos, 120 quilómetros à hora.

Sentes o turbo entrar em acção. Um ligeiro solavanco que te atira para a frente com mais convicção ainda.

Sentes o pescoço a fazer força para a frente. O tronco afunda-se no banco. A música e o som do motor fundem-se.
O pé continua a carregar no acelerador sem força. Só um pouco de peso basta.

130 quilómetros à hora.

Mais um segundo e 140 quilómetros à hora.

Passas o camião.

Recta vazia à tua frente. Duas faixas de alcatrão livre.

150 quilómetros à hora.

Expiras. Metes a quinta.

160 quilómetros à hora.

Fechas os olhos.

Aceleras um pouco mais.

Deixas a cabeça cair para trás contra o apoio.

Contas até três devagarinho enquanto a música e o motor te cobrem de som.
Só sentes força. Mais nada. Força contra ti, atirando-te para dentro do banco, empurrando-te, agarrando-te.

Expiras.

Sentes uma espécie de arrepio pelo corpo todo.

Aguenta… aguenta…

Abres os olhos.

180 quilómetros à hora.

Metes a sexta mudança.

Levantas o pé do acelerador.

Voltas para a faixa da direita, saindo do meio da estrada.

Sorris.
Ajeitas-te no banco outra vez, aconchegando-te melhor.

Dirigindo-te à finíssima peça de engenharia à tua volta, pensas: Pronto, pronto. Já chega. Já brincaste um pouco hoje. Shhh…
Voltas aos 100 quilómetros à hora.

Sorris outra vez.

Mudas a música.

Siga viagem.  

publicado por Sónia às 15:14

04
Set 15

Basta uma rápida ida ao google para pesquisar um tema que, ao que parece, precisa ser pesquisado por mais pessoas: a vacinação.
Existem provas em como na China, por volta do ano 1000, já se praticava a inoculação para uma variante da varíola. Essa prática também existia em África e na Turquia antes de ser adoptada na Europa e nas Américas.
A primeira vacina que assim se possa considerar, foi criada em 1796 por Edward Jenner, contra a varíola. Louis Pasteur aparece em 1885 com a segunda vacina a ter impacto na raça humana - a da raiva.
Centenas e centenas de cientistas a trabalharem para a criação de vacinas que salvassem vidas resultaram num mundo menos letal para todos nós. É com alta segurança que entramos em contacto físico com as outras pessoas no nosso dia-a-dia, e é com bastante confiança (certeza, até) que deixamos os nossos filhos na pré-escola e nas escolas, em conjunto com os filhos dos outros. Confiamos que esses pais tenham feito tudo o que está ao seu alcance para proteger os seus filhos das doenças que existem na infância e sabemos que, ao fazermos isso com os nossos, ajudamos a proteger os outros também (crianças vacinadas criam como que uma barreira intransponível para uma doença - chega ali e pára, não se altera, nem evolui. A ideia é que haja tanta criança vacinada que a tal barreira se torne letal para a doença. Não tendo por onde infectar, acaba por morrer).

Mas, e há sempre um cabrão de um mas neste assunto, há quem ache que umas poucas centenas de anos de prática e biliões de vidas salvas não possuem peso suficiente para levá-los a vacinar os filhos. Ao fazerem-no, permitem a infecção e permitem também que o vírus ou doença ganhe força e possa alterar-se, tornando-se perigoso até mesmo para quem esteja vacinado ou com sistema imunitário menos forte.
O mais engraçado é que estes progenitores (usar os termos Pai e Mãe seria ofensivo para quem realmente o é) são todos eles vacinados. Livres de doenças, protegidos contra o reaparecimento das mesmas. E porquê? Porque os Avós das crianças, pais deles portanto, fizeram o que era certo e vacinaram os cachopos quando era altura.
Chegamos a esta geração iluminada por gente mentecapta e mal intencionada que andou a bradar aos céus que isto era perigoso (o médico Americano que começou com esta merda admitiu ter inventado tudo o que teria dito sobre as doenças associadas à vacinação) e houve quem acreditasse.

Há Mães e Pais que, neste momento e bem perto de nós, lutam numa guerra absolutamente horrenda para salvarem os seus filhos, para lhes poderem dar um futuro melhor, livre da iminência da morte via balas ou bombas (não há vacina contra estes, infelizmente) e da doença.
Há Mães e Pais que, neste preciso momento (e se calhar até conhecem uns quantos casos), cuidam dos filhos e das doenças incuráveis que estes têm. Um desejo que tivessem? Cura ou prevenção, diriam. Perguntem.

E vocês, do alto da vossa ignorância e crenças mal-informadas, andam a mandar esta gente toda à merda. Vocês, com a vossa suposta iluminada decisão de não protegerem os vossos filhos, estão a colocar em perigo os filhos dos outros, os pais dos filhos dos outros e todas as outras pessoas que possam entrar em contacto com os vossos filhos.

Vocês insultam quem não tem outra escolha se não sofrer pelos filhos doentes. Vocês mandam-nos à merda com um desprezo e despeito tão horríveis que nem há bem palavras para descrever tanto egoísmo e pura irresponsabilidade.

Há já países a proibirem crianças não-vacinadas de irem para a escola, aplicando até coimas aos pais que não vacinem os filhos. É uma questão de saúde pública mundial.
E depois há países como a Ucrânia que mostram que a vacinação funciona - excepto para duas crianças infectadas por pólio ou os restantes 50% não vacinado por questões de guerra e não por convicções ignorantes.

Sabem o que são os vossos filhos? São vítimas da vossa ignorância. O que andam a fazer é o mesmo que meterem-lhes uma arma carregada nas mãos e dizerem para irem brincar com os amiguinhos.
A vossa sorte é que vocês foram e estão vacinados. Uma sorte, não é? Pois.

publicado por Sónia às 10:56

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