“The older I grow, the more I distrust the familiar doctrine that age brings wisdom.” - H.L. Mencken

30
Mai 15

Há todo um mundo de diferença entre um “Quero-te”, dito à laia do querer e um “Quero-te ver. Quando posso ir ter contigo?” dito em pleno crer.

publicado por Sónia às 17:32

21
Mai 15

Termos substituído a forma como se vê e se vive o mundo por um ecrã e teclado tem os seus quês. Se há dias em que tudo isso é pouco, demasiado pouco, em que tudo quanto ansiamos e queremos (e precisamos) é sermos vistos, é vermos, é sentirmos outra coisa que não o plástico rijo das teclas, há outros em que sermos invisíveis, não termos que ver, não termos que sentir nada nem ninguém, é o máximo que se consegue arrancar da (má) vontade do dia.  

É um oito e oitenta difícil de gerir. Mas há mesmo alturas em que sermos apenas umas letras e palavras que aparecem noutro ecrã é tudo quanto se consegue e quer ser.

Olhem, mas não vejam, pensamos enquanto carregamos no enter para enviar mais uma data de palavras que, do outro lado, confirmam que existimos e estamos cá.

Se essa existência, por vezes, é dolorosamente cruel e insuficiente, há outras em que é a única que conseguimos suportar.

publicado por Sónia às 18:42

16
Mai 15

Tenho um problema com o escuro, o preto. Não é tom que use com frequência. Acho-o pesado, abafador, vazio, demasiado forte, demasiado fraco (corajoso é um rosa choque, um amarelo brilhante, um vermelho sangue). Uso-o quando assim tem de ser, em situações que exijam uma certa classe, uma certa postura. De resto, não.

Hoje, o dia está azul e claro, leve. Está, podemos dizer, bonito. Daqueles dias que dão vontade de ser vividos em pleno. Lembrados.
Era suposto estar de preto. Era suposto ter conseguido ultrapassar o meu problema com o tom, perdoar-lhe a ofensa de ser tão cobarde, e usá-lo. A situação, afinal, assim o exige. Mas, não fui capaz. Puxei a camisola pela cabeça abaixo e antes que me tocasse na pele, puxei-a para longe de mim e fiquei a olhá-la, a ver-me ao espelho, semi-vestida, totalmente nua ali perante aquela luta. Despi-a, recusando ter que sequer lhe dar o prazer da batalha, da briga. Como é que se luta contra um vazio cobarde?
Branco. Estou de branco. Estou de tom limpo e sereno, imaculado. Estou como o dia, claro e leve. Talvez alivie o peso que este hoje tem, talvez alivie os olhos carregados, cansados, vermelhos que me hão-de olhar e reparar naquela interrupção na escuridão que há-de reinar.

Talvez, se pensarmos bem, a melhor forma de combater um vazio cobarde vestido de preto seja dar-lhe com luz, inundá-lo com um sonoro “Não.” em tom desafiador que ilumina e liberta.

“Do not go gentle into that good night. Rage, rage against the dying of the light” (Dylan Thomas).
Para os que ficam, é o que nos resta. Não nos permitirmos ser engolidos pela escuridão que sobra depois do adeus supremo.
Branco. Estou de branco.

publicado por Sónia às 13:03

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